Redação do ENEM não é textão subjetivo de Facebook

O resultado da redação do ENEM (vocês já devem ter visto os prints que a reaçada tá compartilhando) não é absolutamente nada além do esperado. Acho que tudo o que havia a ser dito já foi dito, mas vou deixar alguns pensamentos aqui assim mesmo.
A primeira coisa a ser lembrada é que o MEC, diferente do que muitos dizem, é uma organização ciente do que significa preparar um concurso para uma das maiores populações do planeta. Não pensem que eles colocaram "a persistência da violência conta a mulher" como tema da prova para cumprir a cartilha do marxismo cultural do PT (que não existe), para aumentar a popularidade do governo ou qualquer relincho nesse sentido. Houve motivos concretos para essa escolha. Um deles era obviamente pra desestabilizar os machões que chamam qualquer luta social de vitimismo e ver se essa galera acorda pra vida (além de, claro, fazer eles repetirem de ano).
Mas pode ter certeza que ali no meio teve alguém que sacou que a geração "textão de facebook", frases de efeito e subjetividade ia se empolgar quando lesse o tema e ia começar a escrever de cabeça, sem prestar atenção na estrutura do texto dissertativo-argumentativo, o que, como vimos essa semana, foi justamente o que aconteceu. Acho que já chegou aqui na página o print de uma corretora dizendo que tinha gente botando hashtag no texto, colocando "Machistas Não Passarão" como título, entre outras coisas que todo mundo aqui já sabia que ia acontecer.
Então, em virtude do ocorrido, o que eu quero dizer aos pós-modernos que amam acompanhar nossa página é o seguinte:
parem de influenciar os outros a abandonar o conhecimento científico, formal e concreto. A ciência e o conhecimento acadêmico não são coisas complicadas por que são "academicistas", mas sim porque as relações que a espécie humana estabelece entre si e entre ela e o ambiente é algo complexo por si só. Sua vivência é importante, DESDE QUE aliada ao conhecimento disponível ao seu alcance para acrescentar na sua luta.
Se sua nota foi baixa, não foi por que existe uma conspiração do patriarcado para te impedir de entrar na faculdade. Foi porque possívelmente você caiu no papo dos outros de "lacrar" e "divar" na hora da "problematização" e esqueceu do que realmente vai te levar adiante na vida quando se trata de discussões e debate: lógica, coerência e argumentação embasada.
No fundo, bem lá no fundo mesmo, é isso que a gente tenta mostrar pra vocês dia após dia. Obrigado pela atenção.

Segue o print mencionado no texto:


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